Agostinho Rosa - Site Inovação Tecnológica - 16.07.09
Ninguém sabe exatamente quanto a temperatura da Terra irá se elevar devido às emissões de carbono. Todas as conclusões do IPCC sobre o clima futuro e o aquecimento global utilizam o termo provável de acontecer (likely).
Mas agora, um novo estudo, publicado na Nature Geoscience, afirma que as melhores previsões feitas pelos cientistas sobre o aquecimento estão provavelmente incorretas.
Mas agora, um novo estudo, publicado na Nature Geoscience, afirma que as melhores previsões feitas pelos cientistas sobre o aquecimento estão provavelmente incorretas.
Erro na conexão entre temperatura e carbono
Segundo a equipe da Universidade Rice, nos Estados Unidos, os modelos climáticos utilizados atualmente explicam apenas metade do aquecimento que ocorreu durante um período bem documentado de rápido aquecimento global no passado remoto da Terra. O estudo contém uma análise de registros publicados de um período de aquecimento rápido ocorrido há 55 milhões de anos, conhecido como máximo termal do Paleoceno-Eoceno (PETM - Palaeocene-Eocene Thermal Maximum).
"De forma resumida, os modelos teóricos não conseguem explicar o que nós observamos nos registros geológicos," disse o oceanógrafo Gerald Dickens, coordenador da pesquisa. "Parece haver algo fundamentalmente errado com a forma como a temperatura e o carbono estão conectados nos modelos climáticos."
Hipóteses, evidências, teorias e modelos
Para interpretar a realidade, os cientistas levantam hipóteses. Quando são devidamente fundamentadas por evidências, essas hipóteses passam a ser chamadas de teorias, porque se demonstra que elas têm poder explicativo sobre a realidade.
A partir de teorias bem fundamentadas, os cientistas constroem modelos teóricos - geralmente na forma de programas de computador - que permitem fazer raciocínios do tipo "O que acontece se ...". Os modelos climáticos usados para a previsão do tempo e para todas as conclusões relacionadas ao aquecimento global são programas desse tipo.
O que aconteceu agora foi que as evidências que embasam a teoria e, portanto, sustentam o modelo teórico, foram questionadas. Se as evidências - muitas vezes erroneamente chamadas de "provas" - foram derrubadas, então todas as conclusões dos modelos deixam de ser válidas ou, no mínimo, precisam ser adequadamente ajustadas.
A negação de evidências anteriormente obtidas e consideradas válidas é um evento diário e corriqueiro nas ciências e pode acontecer por inúmeras razões, entre as quais a obtenção de uma maior quantidade de dados, de melhores dados, pelo desenvolvimento de instrumentos de medição mais precisos e até pela reinterpretação dos dados anteriores, apenas para citar algumas.
Por outro lado, muitas teorias se estabelecem mesmo na ausência de evidências práticas, como aconteceu com a Teoria da Relatividade de Einstein, que foi negada por seguidos experimentos no início do século XX. Esta foi a razão pela qual Einstein nunca recebeu o Prêmio Nobel pela Teoria da Relatividade - ele recebeu o prêmio pela descoberta do efeito fotoelétrico. Mais tarde, experimentos mais aprimorados finalmente deram razão à teoria.
Todo esse processo - num sentido e noutro, da negação e da validação - está acontecendo agora com a teoria do aquecimento global.
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Efeito de retroalimentação
"Algum efeito de retroalimentação, ou outros processos que não estão sendo levados em conta nesses modelos - os mesmos usados pelo IPCC para as melhores previsões atuais para o aquecimento global ao longo do século 21 - causaram uma porção substancial daquele aquecimento que ocorreu durante o PETM," diz Dickens.
Para fazer melhores previsões sobre o aquecimento global atual, os cientistas deverão então revisar seus modelos. Para isso, contudo, eles terão antes que descobrir esses processos que levaram ao aquecimento e que poderão estar ou não presentes na atualidade.
Dúvidas sobre as conclusões do IPCC
Esta não é a primeira vez que as conclusões do IPCC sobre o aquecimento global são questionadas.
Uma pesquisa demonstrou que, sozinho, o Sol é responsável por um quarto de todo o aquecimento global. Também se demonstrou que os modelos do aquecimento global estão errados na interpretação do papel das nuvens no clima. Outro estudo sobre as nuvens demonstrou uma incorreção nos cálculos que reduziria em 75% as previsões do aquecimento global.
Outras pesquisas sobre fatores naturais demonstraram que o aquecimento do Oceano Atlântico deve-se a causas naturais, e não foi causado pelo homem, assim como fenômenos naturais equilibram a influência do homem no aquecimento global.
Há ainda os cientistas que veem interesses políticos no atual movimento climático, além daqueles que alertam para os efeitos danosos do catastrofismo que tomou conta do debate ambiental.
Bibliografia:Carbon dioxide forcing alone insufficient to explain Palaeocene–Eocene Thermal Maximum warmingRichard E. Zeebe, James C. Zachos, Gerald R. DickensNature Geoscience13 July 2009Vol.: Published online before printDOI: 10.1038/ngeo578
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